RANDAKPALÔBAOBÁ: a busca da semente


QUANDO? 20 de novembro


ONDE? Mini Guaíra, às 17h e
             José Maria Santos, às 20h

INGRESSOS: $10 inteira e $5 meia

" A magia do axé está no verde, está na vida, está na árvore gigante, que na semente está contida..."

Histórico do Grupo

O nome NUSPARTUS está vinculado aos princípios do grupo. NUS simboliza nosso esforço de nos despirmos de todo e qualquer preconceito; PARTUS reitera nosso desejo de parir uma nova sociedade, ou ainda, participar do parto desta “outra sociedade possível”, que se faz visível num processo permanente e coletivo.

O Grupo de Teatro Popular NUSPARTUS, vem desde 1994 atuando junto aos movimento sociais e sindicais, realizando oficinas de Teatro Popular e Teatro do Oprimido, com o intuito de democratizar os meios de produção desta linguagem artística, além de produzir peças e esquetes engajadas com a necessidade de transformação social.


Nos últimos 03 anos, além de realizar os trabalhos descritos acima, o Grupo tem se dedicado a produção de peças, esquetes e oficinas referentes ao debate étnico-racial, objetivando transformar o Teatro em instrumento pedagógico de combate a toda e qualquer forma de discriminação, de maneira particular o racismo, tendo participado em parceria com o Teatro Guaíra e outras entidades artísticas do Movimento Negro, da Semana da Consciência Negra, evento realizado em novembro com o intuito de valorizar a contribuição da população negra na constituição do Brasil.

Neste contexto, em 2007 escreveu e montou a peça "Nós em África, África em Nós", trabalho que fundamentou-se na importância da mulher negra em todo processo de resistência à escravidão e ao mesmo tempo denunciou a precária situação desta personagem social que sendo trabalhadora numa sociedade capitalista, mulher numa estrutura machista e negra numa organização racista, sofre triplamente estas discriminações.

Em 2008, novamente com texto próprio, montou o espetáculo "100 Solanos", uma homenagem aos 100 anos de nascimento de Solano Trindade, teatrólogo, folclorista, artista plástico, escritor e militante do Movimento Social Negro.

Em 2009, o Grupo investiu em "RANDAKPALÔBAOBÁ: A busca da semente".





Resultado em Slides de pesquisa desenvolvida para a disciplina de Cultura Popular dentro do curso de Bacharelado em Musicoterapia. A pesquisa foi desenvolvida com o Grupo de Teatro Nuspartus pela também integrante do grupo Kamylla Paola dos Santos.


Fotos do espetáculo









Fotos: Rubens Nemitz Jr / clix.fot.br

Considerações sobre o espetáculo.

Recebemos por e-mail algumas considerações sobre o espetáculo RANDAKPALÔBAOBÁ: A busca da semente, que esteve em cartaz na mostra FRINGE, durante o Festival de Curitiba de 2010.
Aproveitamos para agradecer o carinho e as palavras de reflexão que recebemos tanto nos momentos após o espetáculo quanto por e-mail. Abaixo, as considerações com seus respectivos emissores.

Muitas vezes, nós, pessoas engajadas com a ideia de uma sociedade e de posturas anti-racistas estamos prontas/os para elaborarmos críticas eloquentes e contundentes sobre produções artísticas que exploram a representação de personagens negras de forma depreciativa. Contudo, quando temos um contraponto, nem sempre o valorizamos. É o caso da peça “RANDAKPALÔBAOBÁ: A Busca da Semente...”, do grupo curitibano Nuspartus, que foi apresentada no Festival de Teatro de Curitiba. Este trabalho, fruto de uma produção coletiva de jovens artistas, com o texto da minha amiga, comadre e irmã, Lu Soares, explora de forma muito poética a ancestralidade africana, além de problematizar o preconceito racial, utilizando como marca estética o cabelo da mulher negra, no caso da criança negra.
Pergunto: quem assistiu a esta peça (não amplamente divulgada, já que não fez uso de uma logística ampla de divulgação como muitas das peças, inclusive racistas, mantêm na mídia, e que contou, portanto, com a nossa divulgação)? A divulgação, feita por nós, pessoas comuns, certamente atingiu a uma lista grande, mas, quem pôde confirmar tudo isso que digo ou discordar, apontando críticas, já que falo da perspectiva de fã? Sinto muito em ter visto (ou não ter visto) muitas das pessoas que atuam ativamente em combate ao racismo prestigiarem este belo trabalho. Fui em apenas um dos três dias de apresentação do espetáculo – e por isso mesmo peço desculpas às pessoas que assistiram –, mas não poderia deixar de propor esta reflexão a respeito daquelas/es que se dispõem, muitas vezes, em criticar mas não estão prontas/os a (re)conhecer o quanto já avançamos e o quanto já conquistamos.
Com isto, quero chamar a atenção para que conheçamos o quão belo trabalho este grupo tem feito, em que conseguiu articular com propriedade e, acima de tudo, beleza, os conhecimentos acadêmicos sobre relações raciais e a manifestação da cultura afro-brasileira e africana, mostrando sim que é possível, a nós, sobretudo às/aos militantes negras/os, unir a arte à teoria.
Parabéns NUSPARTUS!!!
Débora Cristina de Araujo
Fã de carteirinha do Grupo NUSPARTUS

Tive o prazer de assistir à produção em questão, no domingo, último dia de apresentação e posso ratificar sua análise. Suspeito também sou, uma vez que apaixonado pelo trabalho da trupe, mas não posso me furtar a tecer alguns comentários, e não apenas sobre a peça.
Quanto à ela, de fato, inteligente na abordagem dos vários temas que perpassam a amontagem. De muito bom gosto e com a delicadeza que o tema exige e permite (parece antagônica a idéia, mas não é), sendo que cereja do bolo é realmente a questão da semente. A propósito, havia uma quantidade consideravel de crianças, o que é maravilhoso. Muito bom pensar na idéia da necessidade de que se construa a identidade étno-cultural a partir não apenas dos traços fenotipicos - como os cabelos, por exemplo - mas também da memória ancestralica, da religiosidade e acima de tudo do patrimônio imaterial numa perspectiva mais ampla que a própria religiosidade em que pese ela permear profunda e decisivamente todo o existir, no caso das culturas tradicionais africanas e como deveria ser também, no caso do Brasil, com aqueles que vivenciam a religião de matriz afriana.
Eis o mote para a reflexão se estender para além do trabalho do Nuspartus! Muitas das pessoas que vivem as maravilhas da religião de matriz africana (por dentro), não têm a compreensão necessária de muitos dos seus aspectos teosóficos, o que as impedem de vivencia-la para além dos locais sagrados e ritualísticos. Não é, definitivamente, o caso de se falar de uma vivência religiosa qie pode ser levada a efeito apenas nos templos. A rigor não é o caso de nenhuma delas. Essas, no entanto, vão além. A existência é norteada pela compreensão das intrincadas relações entre todos: ancestrais e "atuais" (com a permissão para um neologismo). Isso não se dá apenas numa perspectiva religiosa e sim em todos os aspectos da existência. Aí, inclusive, um outro aspecto, não menos importante. Creio até que mais importante, sobretudo porque, nesse traço cultural reside uma diferença fundamental entre o processo civilizatório ocidental, ao qual a maioria do planeta está submetido desde as grandes navegações, por exemplo, cujo resultado mais aparente se materializou pela colonização dos continentes americano, africano, na sua quase totalidade, assim como parte siginificativa do Oriente e ainda a Oceania; e o processo civilizatório africano tradicional ou mesmo aquele da maioria dos povos da América pré-colombiana.
A diferença está na relação com o cosmo. A civilização ocidental é predatória por princípio. A civilização Africana Tradicional parte de uma necessidade umbilical de harmonia com o meio. De interdependência e respeito entre todos os seres. É outro processo! Seria de grande valia se tais aspectos, traços culturais, valores civilizatórios e que tais fossem conhecidos por mais gente e isso, apenas é possível por meio da ação daqueles que conhecem, desde que efetivamente conheçam e reconheçam tais elementos na dimensão em que eles existem e pelo quanrto são necessários. A teologia e a filosofia da religião de matriz africana é algo de que muitos duvidam da existência até porque, infelizmente, não está sistematizada, podendo, portanto, ser referenciada. O pior é que há quem, de dentro, não as saiba.
Por último e não menos importante - fazendo uma volta completa naquilo que a sua reflexão propunha - o barulho que as várias entidades do Movimento Negro e as grandes lideranças de cada uma dessas entidades poderiam fazer em torno dessa peça não ocorreu. Como resultado houve um público presente, mas que poderia ser maior; houve uma repercussão bem a quem do que a montaqgem merecia e a causa precisava; não havia um único patrocínio para alimentar materialmente o talento e o esforço do pessoal do Nuspartus. Pena! Nossa presença na platéia é legal, entretanto, muito pouco.
Creio já haver estrapolado em muito a paciência de quem vir a ler e me desculpo por isso. Encerro, pois, agradecendo a vc pela provocação cidadã.
Abraço fraterno
Prof Me Geraldo Silva

Para quem não foi, eu conto. Mas só um pouquinho...
Era domingo, 28 de março de 2010, 18h00. Chovia. Cheguei lá na frente do auditório e vi alguns negros. Pensei: é ali mesmo. Imaginava: "Como será possível contar a História do BAOBÁ? ( árvore símbolo dos africanos)
Entrei e fui recebida com uma música bela de tambores africanos, muito forte. Sorri por dentro.
Na verdade, me senti honrada, agradecida por ter tido a oportunidade de assistir aquela peça. Uma história contata por pessoas tão sensíveis e competentes como são as atrizes e atores do Grupo Nuspartus.
Logo que cheguei me senti em casa e não era no meu apartamento... Uma música linda, afrobrasileira animava o público que chegava, na maioria, de brancos e poucos negros, com seus filhos e filhas.
Era um ambiente belo, colorido. Ambiente feliz para quem via e sentia. Imediatamente lembrei do meu Ilê e pensei: “Saudade de nossos tempos que conseguimos estar mais próximos de nós mesmos, de nossos ancestrais”. Me emocionei. Chorei logo no início de alegria e de lamento, por saber que há tão poucos momentos como estes nesta cidade que optamos em morar...
Trocava minhas sensações de cumplicidade com a Débora e com o Fábio.
Lamentei também que houvesse tão poucos de nós naquele ambiente. Nós de pele escura e cabelo crespo, nós que carregamos a marca de nossas ancestralidades em nossos “corpos negros”. Nós que sabemos e sentimos os efeitos de sermos negados na nossa história, nos nossos desejos, nas nossas memórias e nas nossas glórias.
A festa começou. As crianças (atrizes no palco) , começaram a entender e nos contar a história do Baobá. Era a nossa forma (africana e afrobrasileira) de ver o mundo, as coisas, a natureza, o sentimento, as crianças, a beleza do mundo. Aprendi mais sobre “cosmovisão africana e afrobrasileira de mundo”. Aprendi sobre "negritude"
Retornei mais alimentada, aliviada. Vontade que querer mais...
Queria muito que as pessoas que são muito importantes para mim como meus familiares, meus amigos, colegas, e as pessoas que trazem o ativismo negro em suas vidas, tivessem tido a oportunidade de gozar daquele espaço e daqueles momentos. Daqueles sentimentos.
Aguardaremos vocês na próxima apresentação. Afroabraços.
Lena Garcia

Nuspartus no Festival de Curitiba

Nós estamos no FRINGE dentro do Festival de Curitiba com o espetáculo Randakpalôbaobá: A busca da semente.
O Baobá é a árvore símbolo da África. Sua longevidade mistura-se à memória africana; seu tronco e folhas traduzem a resistência africana no doloroso processo da diáspora e seu coração reserva riquezas que só àqueles que apesar da luta continuam sorrindo e festando com a vida. Este espetáculo convida-nos para uma viagem em busca da semente do Baobá, das raízes africanas e da ludicidade.


Local
Auditório PUC/PR


Período
25/03 - 21:00
26/03 - 12:00
27/03 - 15:00
28/03 - 18:00


Gênero
Infantil


Personagens/Atores
YÁ - Kamylla Paola
MÃE - Lucilene Soares
RANDA - Larissa Maris
BAOBÁ - Lisania Silva
ZAILA -Neiva
SAMIRA -Cristina Oliveira
DAKARAI - Daniela Santos


Equipe Técnica
Texto: Lucilene Soares com colaboração do Grupo Nuspartus
Direção Musical: Pedro Gonçalves, Kamylla Paola e Larissa Maris
Sonoplastia: Pedro Gonçalves
Assistência: Stael Gibbon
GRUPO DE TEATRO NUSPARTUS